terça-feira, 1 de maio de 2012

MONER no Seminário de participação Rio + 20 do Movimento Negro

O MONER – Esteve presente e participou da construção do documento que norteará a participação de militantes de vários segmentos, na Rio + 20, no Seminário Desenvolvimento Sustentável e Erradicação da Pobreza pela ótica do Movimento Negro.

O evento aconteceu nos dias 28 e 29 de abril de 2012 no Arcos Rio Palace Hotel, Avenida Mem de Sá, 117, Lapa, Rio de Janeiro – RJ. Entre os temas abordados se destaca: “Da Eco 92 a Cúpula dos Povos e a Rio + 20: Perspectivas do Movimento Negro”. 
O Documento final ficou assim:
Nos últimos 10 anos, quase 22 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza extrema, graças aos programas sociais do governo. Hoje, no Brasil, 20% das famílias vivem de programas de transferência de renda através dos recursos públicos como aposentadorias, “bolsa família e assistência social”. 
No entanto, cabe considerar que a população brasileira extremamente pobre, ou seja, aquela que sobrevive com menos de um dólar por dia, é estimada em 16 milhões de habitantes, dos quais 9,6 milhões ou 59% estão concentrados no Nordeste. Do total de brasileiros residentes no campo, um em cada quatro se encontra em extrema pobreza (4,1 milhões de pessoas ou 25,5%). 
51% têm até 19 anos de idade. 53% dos domicílios não estão ligados a rede geral de esgoto pluvial ou fossa séptica. 48% dos domicílios rurais em extrema pobreza não estão ligados a rede geral de distribuição de água e não tem poço ou nascente na propriedade. 71% são negros (pretos e pardos). 26% dos que tem 15 anos ou mais, ou seja, 4 milhões são analfabetos. 
A realidade vivida pelas comunidades quilombolas no Brasil e pelas comunidades religiosas de matriz africanas e pela maioria negra, não parece ser muito diferente da época do Brasil escravocrata. 
 “É diante desse quadro, que o Movimento Negro brasileiro realizou o Seminário” Desenvolvimento Sustentável e Erradicação da Pobreza”, nos dias 28 e 29 de abril, com o objetivo de preparar a militância negra para participar da Cúpula dos Povos, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, que será realizada em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. 
Entendemos que o agravamento das questões ambientais tem atingido significativamente as comunidades negras, submetendo-as a um quadro de injustiça ambiental alarmante. 
Temos assistido um silencioso massacre dos quilombolas pelas empresas construtoras de hidrelétricas, grandes proprietários de terras, latifundiários que roubaram as terras dos povos indígenas e dos quilombolas e mineradoras que cada dia mais avança suas minas sobre os territórios quilombolas e envenenando as terras com pilhas de rejeitos e resíduos tóxicos. 
O terror do racismo no espaço rural se agrava ainda mais com quilombolas sendo ameaçados de morte, comunidades sendo manipuladas para assinarem documentação de venda ou cessão de terras com o beneplácito das polícias estaduais. 
O Movimento Negro brasileiro compreende os quilombos como verdadeiros territórios de resguardo da biodiversidade, como verdadeiras escolas de diversidade cultural. 
No diálogo do Movimento Negro com as religiões de matriz africana, fica cada vez mais fortalecida de a ideia de que nós não somos responsáveis pela crise ecológica, pela pré-agonia dos nossos ecossistemas como a Amazônia e o Cerrado ou que restou da nossa Mata Atlântica. 
Muito pelo contrário, o nosso ponto de partida é a cosmovisão de mundo negro-africana que tanto para as comunidades quilombolas quanto para as comunidades de religiões de matriz africana, a terra é concebida como território de reprodução cultural vivo, e, portanto sagrado, ao contrario da lógica dos  tecnocratas  eurocêntricos , que vê a natureza apenas como fator de produção e lucro, matéria prima morta e os seres humanos como mercadoria e objetos de descarte. 
É com a perspectiva de perceber a biodiversidade como um direito é que o Movimento o Negro buscará ampliar o debate no campo da ecologia política e dos direitos étnico raciais, onde diversas temáticas como o desenvolvimento sustentável, racismo ambiental, justiça e ética ambiental se interpenetram. 
No centro das nossas reflexões impõe-se a critica a denominada “ economia verde”, cujo eixo principal tem sido a mercantilização da natureza por parte do Capital. 
A adoção de políticas como: sequestro de carbono, privatização de águas, do subsolo, faz parte das estratégias de venda de bem público, que são os elementos da natureza, como “serviços” que são passíveis de privatização. 
O Movimento Negro não concorda com isso. Lembremo-nos da África do Sul nos tempos da Apartheid onde a água era dos brancos e não um bem público. 
Portanto, vamos intensificar o diálogo com a nossa população para a importância da Cúpula dos Povos no Rio + 20 e a articulação com os povos indígenas e os movimentos sociais, buscando a construção de pontes e pontos de convergência.
Enquanto militantes e cidadãos, não podemos e não vamos permitir que o racismo nos submetesse a violência simbólica e física, e que inclusive destrua  o nosso legado ancestral e espiritual africano. Esse legado é libertário, ecológico e sagrado.
A nossa emancipação é a tomada da consciência negra, dos nossos direitos enquanto sujeitos de nossa história, cuidadores do planeta Terra .
MONER


Grade de Programação Cúpula dos Povos
Turno
15
16
17
18
19
20
21
22
23
Todo o Dia
Acampamentos  +  Territórios do Futuro (Feiras, Trocas, Experiências Demonstrativas, Stands ...) + Centrais de Comunicação


Avaliação
Manha

Atividades Autogestionadas de Articulação


Atividades Autogestionadas de Articulação


Plenárias de convergência Pré-Assembleia

Atividades Autogestionadas de Articulação
+
Mobilizações
Atividades Autogestionadas de Articulação
+
Mobilizações





Mobilização Global
Atividades Autogestionadas de Articulação
+
Mobilizações
Assembléia dos Povos – Agendas de Luta e Campanhas
Tarde

Atividades Autogestionadas de Articulação


Atividades Autogestionadas de Articulação


Plenárias de convergência Pré-Assembleia


Plenárias de convergência Pré-Assembleia

Assembléia dos Povos – Causas Estruturais e Falsas Soluções
Assembléia dos Povos – Nossas Soluções
Ato Cultural de Encerramento
Dia / Noite
Atividades Culturais e Simbólicas relacionadas a programação da Cúpula dos Povos

Um comentário:

  1. Parabéns companheiros do MONER, estamos com vocês na luta pela preservação e valorização dos povos quilombolas, da cultura africana e do reconhecimento das religiões afrodescendentes, queremos ainda contemplar o cumprimento da Lei Federal 10.639 de 09 de janeiro de 2003 que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental e médio. Recordo-me das palavras de Lyndon Johnson "não se pode pegar um homem que ficou acorrentado por anos, liberta-lo das cadeias, conduzi-lo, logo em seguida, à linha de largada de uma corrida, dizer ‘você é livre para competir com os outros’, e assim pensar que se age com justiça” (Curry e West, 1996).

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