O MONER – Esteve presente e participou da construção do documento que
norteará a participação de militantes de vários segmentos, na Rio + 20, no
Seminário Desenvolvimento Sustentável e Erradicação da Pobreza pela ótica do
Movimento Negro.
O evento aconteceu nos dias 28 e 29 de abril de 2012
no Arcos Rio Palace Hotel, Avenida Mem de Sá, 117, Lapa, Rio de Janeiro – RJ.
Entre os temas abordados se destaca: “Da Eco 92 a Cúpula dos Povos e a Rio +
20: Perspectivas do Movimento Negro”.
O Documento final ficou assim:
Nos
últimos 10 anos, quase 22 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza
extrema, graças aos programas sociais do governo. Hoje, no Brasil, 20% das
famílias vivem de programas de transferência de renda através dos recursos
públicos como aposentadorias, “bolsa família e assistência social”.
No entanto, cabe considerar que a população brasileira extremamente pobre, ou seja, aquela
que sobrevive com menos de um dólar por dia, é estimada em 16 milhões de
habitantes, dos quais 9,6 milhões ou 59% estão concentrados no Nordeste. Do
total de brasileiros residentes no campo, um em cada quatro se encontra em
extrema pobreza (4,1 milhões de pessoas ou 25,5%).
51% têm até 19 anos de idade. 53% dos domicílios não estão ligados a
rede geral de esgoto pluvial ou fossa séptica. 48% dos domicílios rurais em
extrema pobreza não estão ligados a rede geral de distribuição de água e não
tem poço ou nascente na propriedade. 71% são negros (pretos e pardos). 26% dos
que tem 15 anos ou mais, ou seja, 4 milhões são analfabetos.
A realidade vivida pelas comunidades quilombolas no Brasil e pelas
comunidades religiosas de matriz africanas e pela maioria negra, não parece ser
muito diferente da época do Brasil escravocrata.
“É diante desse quadro, que o
Movimento Negro brasileiro realizou o Seminário” Desenvolvimento Sustentável e
Erradicação da Pobreza”, nos dias 28 e 29 de abril, com o objetivo de preparar
a militância negra para participar da Cúpula dos Povos, na Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, que será realizada
em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.
Entendemos que o agravamento das questões ambientais tem atingido
significativamente as comunidades negras, submetendo-as a um quadro de
injustiça ambiental alarmante.
Temos assistido um silencioso massacre dos quilombolas pelas
empresas construtoras de hidrelétricas, grandes proprietários de terras,
latifundiários que roubaram as terras dos povos indígenas e dos quilombolas e mineradoras
que cada dia mais avança suas minas sobre os territórios quilombolas e
envenenando as terras com pilhas de rejeitos e resíduos tóxicos.
O terror do racismo no espaço rural se agrava ainda mais com quilombolas
sendo ameaçados de morte, comunidades sendo manipuladas para assinarem
documentação de venda ou cessão de terras com o beneplácito das polícias
estaduais.
O Movimento Negro brasileiro compreende os quilombos como verdadeiros
territórios de resguardo da biodiversidade, como verdadeiras escolas de
diversidade cultural.
No diálogo do Movimento Negro com as religiões de matriz africana, fica cada
vez mais fortalecida de a ideia de que nós não somos responsáveis pela crise
ecológica, pela pré-agonia dos nossos ecossistemas como a Amazônia e o Cerrado
ou que restou da nossa Mata Atlântica.
Muito pelo contrário, o nosso ponto de partida é a cosmovisão de mundo
negro-africana que tanto para as comunidades quilombolas quanto para as
comunidades de religiões de matriz africana, a terra é concebida como
território de reprodução cultural vivo,
e, portanto sagrado, ao contrario da lógica dos
tecnocratas eurocêntricos , que
vê a natureza apenas como fator de produção e lucro, matéria prima morta e os seres humanos como mercadoria
e objetos de descarte.
É com a perspectiva de perceber a biodiversidade como um direito é que o
Movimento o Negro buscará ampliar o debate no campo da ecologia política e dos
direitos étnico raciais, onde diversas temáticas como o desenvolvimento
sustentável, racismo ambiental, justiça e ética ambiental se interpenetram.
No centro das nossas reflexões impõe-se a critica a denominada “
economia verde”, cujo eixo principal tem sido a mercantilização da natureza por
parte do Capital.
A adoção de políticas como: sequestro de carbono, privatização de águas,
do subsolo, faz parte das estratégias de venda de bem público, que são os
elementos da natureza, como “serviços” que são passíveis de privatização.
O Movimento Negro não concorda com isso. Lembremo-nos da África do Sul
nos tempos da Apartheid onde a água era dos brancos e não um bem público.
Portanto,
vamos intensificar o diálogo com a nossa população para a importância da Cúpula
dos Povos no Rio + 20 e a articulação com os povos indígenas e os movimentos
sociais, buscando a construção de pontes e pontos de convergência.
Enquanto
militantes e cidadãos, não podemos e não vamos permitir que o racismo nos submetesse
a violência simbólica e física, e que inclusive destrua o
nosso legado ancestral e espiritual africano. Esse legado é libertário,
ecológico e sagrado.
A nossa emancipação é a tomada da consciência negra, dos
nossos direitos enquanto sujeitos de nossa história, cuidadores do planeta
Terra .
MONER
Grade de
Programação Cúpula dos Povos
Turno
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15
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16
|
17
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18
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19
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20
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21
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22
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23
|
Todo
o Dia
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Acampamentos +
Territórios do Futuro (Feiras, Trocas, Experiências Demonstrativas,
Stands ...) + Centrais de Comunicação
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Avaliação
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Manha
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Atividades
Autogestionadas de Articulação
|
Atividades
Autogestionadas de Articulação
|
Plenárias
de convergência Pré-Assembleia
|
Atividades
Autogestionadas de Articulação
+
Mobilizações
|
Atividades
Autogestionadas de Articulação
+
Mobilizações
|
Mobilização
Global
|
Atividades
Autogestionadas de Articulação
+
Mobilizações
|
Assembléia
dos Povos – Agendas de Luta e Campanhas
|
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Tarde
|
Atividades
Autogestionadas de Articulação
|
Atividades
Autogestionadas de Articulação
|
Plenárias
de convergência Pré-Assembleia
|
Plenárias
de convergência Pré-Assembleia
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Assembléia
dos Povos – Causas Estruturais e Falsas Soluções
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Assembléia
dos Povos – Nossas Soluções
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Ato
Cultural de Encerramento
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Dia
/ Noite
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Atividades
Culturais e Simbólicas relacionadas a programação da Cúpula dos Povos
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Parabéns companheiros do MONER, estamos com vocês na luta pela preservação e valorização dos povos quilombolas, da cultura africana e do reconhecimento das religiões afrodescendentes, queremos ainda contemplar o cumprimento da Lei Federal 10.639 de 09 de janeiro de 2003 que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental e médio. Recordo-me das palavras de Lyndon Johnson "não se pode pegar um homem que ficou acorrentado por anos, liberta-lo das cadeias, conduzi-lo, logo em seguida, à linha de largada de uma corrida, dizer ‘você é livre para competir com os outros’, e assim pensar que se age com justiça” (Curry e West, 1996).
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